Pesquisa e P&D

Pesquisa básica, clínica e Pesquisa & Desenvolvimento

Diariamente são publicados em revistas científicas do mundo todo centenas de estudos sobre a Doença de Parkinson, com diferentes enfoques e abordagens. Mesmo que me dedicasse 24h por dia não seria possível adicionar tudo o que vem sendo estudado. Assim, pretendo inserir, neste espaço, informações sobre pesquisa básica e de desenvolvimento relacionados à novos medicamentos, terapias e tratamentos para doença de Parkinson.  

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Com grande esperança de que a terapia gênica seja um caminho importante e
um marco histórico nessa árdua busca de tratamentos mais eficazes para a 
doença de Parkinson, enviei mensagem para equipe de pesquisadores e recebi 
informações sobre a pesquisa de desenvolvimento do OXB-102 para tratamento 
da doença. 
 
Veja a seguir o que Dr. Kyriacos Mitrophanous (pesquisador responsável 
pelo estudo) disse sobre o OXB-102 
 
Danielle: “Estou acompanhando o trabalho brilhante da equipe que utiliza a ferramenta de
terapia genica, o OXB-102. Estou esperançosa com os bons resultados desse estudo, o que 
permite acreditar que o OXB-102 /ProSavin possa ser um sonho que se tornará realidade

Danielle: Existe alguma perspectiva de liberar OXB-102 para outros centros pesquisa em todo o mundo (como no Brasil, Estado de São Paulo). 
K Mitrophanous: No momento, estamos realizando a avaliação da escalada de doses de OXB-102. No devido tempo, vamos incluir outros centros, mas a localização exata destes ainda não foi concluída. Atualmente, o estudo está sendo conduzido na França e no Reino Unido. 

Danielle: Existe alguma diferença nos resultados quando se compara jovens e idosos? 
K Mitrophanous: Embora os dados sejam iniciais, geralmente as terapias celular e genica são pensadas para dar melhores benefícios em pacientes mais jovens. Para OXB-102 e ProSavin é muito cedo para dizer. 

Danielle: O OXB-102 está indicado para qualquer estágio da doença? 
K Mitrophanous: Nos primeiros ensaios estaremos tratando pacientes que tenham a doença de Parkinson há muitos anos, mas em última análise, gostaríamos de tratar pacientes no estágio inicial da doença. Para que isso aconteça, temos que mostrar segurança e eficácia em pacientes que tem DP por vários anos. 

Danielle: E quanto à reversão dos sintomas? Depois de injetar o OXB-102 / ProSavin no cérebro, qual seria o tempo médio necessário para seus efeitos? 
K Mitrophanous: Para o ProSavin a resposta foi rápida, dentro de alguns meses.

Danielle: Existe alguma possibilidade desta terapia estar disponível na Europa nos próximos 2 anos? 
K Mitrophanous: A Terapia é para pacientes que tem a Doença de Parkinson por vários anos. É pouco provável que esta terapia esteja disponível nos próximos 2 anos, como após a Fase I / II, teremos que ter os ensaios de Fase II e de Fase III. Assim, dentro dos próximos anos, a terapia só estará disponível como parte de ensaios clínicos. 

Danielle: Qual seria o custo aproximado da terapia? 
K M Mitrophanous: Muito cedo para saber, dependerá do grau de eficácia, etc. 



Mais informações sobre OXB-102 estão disponiveis no site Oxford BioMedica:  http://www.oxfordbiomedica.co.uk/oxb-102/

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MELATONINA - hormônio produzido pela glândula pineal, diminui com a idade e influi sobre o rítmo sazonal e circadiano, sobre o ciclo sono-vigília e sobre a reprodução. Apresenta um padrão de secreção dia-noite, sensível a luminosidade, com início de elevação no início da noite e queda no final. Sob circunstâncias naturais de um ciclo claro-escuro ocorre uma produção rítmica circadiana de melatonina. A exposição a luminosidade (luz brilhante) é suficiente para suprimir a síntese de melatonina. Evidências clínicas e experimentais mostram que diversos estados biológicos incluindo o humor podem ser influenciados pela melatonina.
Estudos mostram que a melatonina é uma substância de distribuição ubíqua e de efeitos órgão e espécie específicos. Portanto, apesar de muito ter-se propagado sobre a sua utilidade terapêutica, deve-se considerar que suas propriedades e aplicações devem ser tomadas com cautela. Vale a pena afirmar que existem diversas condições associadas ao sono em que a melatonina apresenta um benefício terapêutico largamente comprovado. Na Europa e nos Estados Unidos, a melatonina ainda é tratada como um suplemento alimentar e as preparações terapêuticas não passam pelo controle de qualidade a que os medicamentos estão sujeitos. No Brasil, o medicamento tem o seu uso proibido, apesar de tratar-se de uma substância com baixa toxicidade. O mesmo não se pode dizer de vários agentes que são liberados para uso terapêutico como indutores do sono. Na maioria das vezes, a melatonina tem sido usada na dose de 3mg uma hora antes de deitar.
Melatonina na doença de Parkinson: A progressão da doença de Parkinson associa-se a complicações diversas inclusive transtornos do humor e do sono que podem preceder a doença. Estudos tem sugerido um avanço de fase na DP. Diversas evidências experimentais mostram uma ação protetora da melatonina sobre a função dopaminérgica nos gânglios da base. Recentemente, um estudo duplo-cego, paralelo e controlado por placebo, avaliou o efeito da melatonina sobre o sono na doença de Parkinson. Foi mostrado que a melatonina melhora a qualidade do sono sem alterar substancialmente as medidas de sono e sem alterar a função motora. Substâncias que reduzam as flutuações motoras, os períodos off e as alterações do sono e depressão são benvindas na DP. A melatonina reduziu as discinesias tardias, reforçando o conceito de que a melatonina guarda uma relação com a neurotransmissão dopaminérgica.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17404779
http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/conf_simp/textos/veralicebruin.htm

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COENZIMA Q10 (CoQ10) - Também chamada de ubiquinona, está presente em praticamente todas as células do organismo. Devido a ação antioxidante da CoQ10, diversos estudos foram realizados especificamente para avaliar seu papel / benefícios no tratamento de doenças neurogenerativas, como na doença de Parkinson. Avaliações pré-clinicas in vitro e in vivo em modelos experimentais da doença de Parkinson demonstraram que a CoQ10 protege o sistema dopaminérgico nigroestriatal. O efeito neuroprotetor foi comprovado em estudos clinicos iniciais. No entanto, o trabalho publicado no final de março de 2014 na revista JAMA Neurology não confirmou esse efeito. O estudo clínico fase 3 (realizado em pacientes com Parkinson) mostrou que a CoQ10 em diferentes doses, apesar de segura e bem tolerada, não promove benefícios clínicos aos pacientes. Para o estudo, foram recrutados 267 pacientes que foram divididos em 3 grupos (pacientes que receberam placebo; pacientes que receberam 1,2g/d de CoQ10 e pacientes que receberam 2,4g/d de CoQ10). O estudo foi conduzido nos Estados Unidos com apoio financeiro da Michael J. Fox Foundation.
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DOENÇA DE PARKINSON EM MULHERES
Artigo escrito pela Dra. Susan M. Rubin em 2005 e adaptado para publicação no Newsletters da American Parkinson Disease Association aborda alguns aspectos da DOENÇA DE PARKINSON EM MULHERES. Apesar de ser um pouco antigo, publicado em 2007, o cenário investigativo em relação a alguns assuntos abordados pela médica neurologista não se encontra muito diferentes hoje.
Abaixo segue alguns trechos do artigo que foram traduzidos para o português.

DOENÇA DE PARKINSON EM MULHERES
Dra. Susan M. Rubin
Clinical Instructor and Director of the Women's Neurology Center at Glenbrook Hospital, Glenview, Illinois

Pouco tem sido escrito sobre o efeito que o gênero tem sobre o desenvolvimento e gestão da doença de Parkinson. Pesquisas tem se concentrado principalmente no impacto que os hormônios sexuais tem no desenvolvimento da doença de Parkinson. Menos tem sido escrito sobre o impacto que a doença de Parkinson tem sobre menstruação, gravidez e menopausa. 
Embora a doença de Parkinson seja geralmente considerada como uma doença de idosos, cerca de 3-5% das mulheres diagnosticadas com esta doença tem menos de 50 anos de idade. Um grande número dessas mulheres ainda vivenciam ciclos menstruais regulares. Estudos que avaliaram a efeito das flutuações hormonais e da menstruação sobre a doença de Parkinson tem notado um impacto do ciclo menstrual no controle da doença. Durante a menstruação mulheres descreveram o aumento dos sintomas do Parkinson, diminuindo a capacidade de resposta ao medicamento e aumento o tempo em "off". Elas também se queixam de aumento da fadiga, cólicas e fluxo menstrual mais intenso. 
Sintomas pré-menstruais de depressão, inchaço, ganho de peso e sensibilidade mamária também parecem aumentar de intensidade nas mulheres que observar uma variação em seu controle dos sintomas com a menstruação. Geralmente estes sintomas melhoram após a menstruação, mas vai reaparecer a cada ciclo. Uma pequena amostra de mulheres nos estudos usaram pílulas anticoncepcionais. Eles relataram que tinham flutuações menos intensas em seu controle dos sintomas. O uso de exercícios regulares e técnicas de relaxamento podem ajudar a diminuir os sintomas e melhorar as habilidades de enfrentamento.
Um número limitado de gestantes com a doença de Parkinson foi relatado. Os dados foram divididos em o impacto que a gravidez tem sobre a doença de Parkinson e o efeito que a doença de Parkinson tem na gravidez . Há um aumento em ambos os sintomas motores e não motores durante a gravidez, embora seja raramente significativo o suficiente para impactar nível geral do funcionamento. Sintomas não- motores (tais como fadiga, constipação e depressão) parecem melhorar após o parto, mas qualquer progressão de sintomas motores (rigidez, lentidão de movimentos e tremor) geralmente persistem. Embora os dados mostraram que o aumento do comprimento da exposição de estrogênio (a quantidade de tempo a partir da puberdade à menopausa) diminui o risco de desenvolver a doença de Parkinson , o aumento da quantidade de tempo gasto grávida parece aumentar o risco de desenvolver a doença de Parkinson. Isto parece contraditório , mas pode ser devido a diferenças no efeito de que o estriol (a forma gravidez de estrogênio) e estradiol (a forma menstrual de estrogênio) têm sobre a doença.
A principal preocupação das mulheres grávidas com a doença de Parkinson é o risco de defeitos congênitos de medicamentos de antiparkinsonianos. Os agonistas da dopamina, bromocriptina e pergolida, são considerados relativamente seguros durante a gravidez, mas tornam impossível amamentar porque eles bloqueiam a produção de leite. O restante dos medicamentos antiparkinsonianos carrega uma classificação da categoria C, o que significa que os estudos em animais sugerem algum risco, mas estudos em humanos não estão disponíveis ou não confirmaram esse risco. Os dados sobre Levodopa com ou sem carbidopa sugere algum risco em estudos em animais, mas não houve defeitos congênitos em recém-nascidos relatados no pequeno número de gestações que foram acompanhadas. Amantadina é a única medicação de antiparkinsoniana que resultou em malformações cardíacas em bebês com exposição durante o primeiro trimestre. Não houve relatos de malformações maiores com o uso de selegilina.
Mulheres com doença de Parkinson não tem problemas com fertilidade, mas pode ter alterações da auto-imagem em que levam à isolamento social e dificuldade com a intimidade sexual. Isso pode levar a taxas de gravidez diminuídas e disfunção sexual. Mulheres que queiram engravidar deve, então, enfrentar o desafio de cuidar de uma criança após o parto. 
Tem sido observado que as mulheres são mais propensas a desenvolver a doença de Parkinson mais tarde do que os homens e, geralmente, quando elas estão na pós-menopausa. Pesquisa científica básica em ratas demonstrou que há um aumento no declínio lento em células produtoras de dopamina coincidentes com a menopausa. Uso de reposição hormonal em ratas que tiveram seus ovários removidos parece reverter esse aumento. No entanto, estudos em mulheres tiveram resultados contraditórios, mostrando apenas parcial ou nenhum benefício com reposição hormonal. 
Os poucos estudos que comparam o impacto da terapia de reposição hormonal sobre a progressão da doença ter sido ligeiramente positivo. As mulheres em reposição hormonal relataram mais tempo no "on". 
Em conclusão, estamos começando a entender o impacto dos hormônios sexuais no desenvolvimento e na progressão da doença de Parkinson. Estudos recentes sugerem que existe uma relação inversa entre o tempo de vida de exposição de estrogênio e o risco de desenvolver a doença de Parkinson. Também foi mostrado que as flutuações nos níveis hormonais resultam em mudanças no controle de doenças e resulta na necessidade de mudanças na gestão de sintomas durante a menstruação, gravidez e menopausa. 


Fonte: http://www.apdaparkinson.org/docs/newsletters/APDA%20Spring%2007.pdf

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