Falar sobre Parkinson
é muito complicado. Cada experiência é única. Não sou a favor de textos que mencionam o Parkinson como a pior doença do mundo. Abordar outras doenças sem cura e
degenerativa, como ELA, por exemplo ou doenças com baixa expectativa de vida,
como um tumor agressivo é tão complicado quanto Parkinson ou mais difícil ainda. Especificamente, o Parkinson causa diversos sintomas, além do tão conhecido
tremor. São todas terrivelmente impactantes, mas não tem como afirmar qual é a pior, mesmo porque minha intenção está longe de comparar doenças ou quem sofre mais. No entanto, minha experiência com essa doença, que tenho desde os 30
anos tem sido desafiadora. São 14 anos nessa batalha para manter minha
saúde física e mental. São altos e baixos e muita resiliência. Depois do diagnóstico tardio, ter ficado 2 anos
e meio em depressão profunda, entendi que pior do que a restrição motora é o impacto emocional que a doença pode causar. Em
alguns casos, é devastador. Hoje, tenho plena consciência do que é a doença de Parkinson e
dos desafios que virão pela frente. O Parkinson é uma doença que se permitir, te
consome aos poucos. É desgastante e te exige muito, em todos os sentidos. Eu sempre digo: "Eu não
Aceitei a doença, eu me adaptei a ela." Como é uma doença progressiva, a adaptação é diária. Antes do diagnóstico eu tinha condições
de fazer tudo, mas não fazia, por medo, insegurança, etc. Atualmente, quem me
restringe é o Parkinson. A Danielle se permite, se supera todos os dias. Tem
dias ruins para controlar os sintomas? Sim, tem. Tem dias que não fico bem?
Sim, tem. Mas tem dias muito bons. Mesmo com todas dificuldades e dores, eu
tenho plena convicção de que o grande desafio do Parkinson, não é a limitação
motora, mas a emocional. Antigamente, eu me limitava, não me permitia. Agora,
me permito, enfrento situações que não imaginava ser capaz, realizo o que não
imaginava conseguir fazer e me permito tentar, errar, me superar. Fácil? Nem um
pouco. O Parkinson me limita no físico, mas minha mente, ele até tenta, mas não
deixo dominar. Posso afirmar que a Danielle com Parkinson é melhor do que a
Danielle sem Parkinson. Essa frase pode gera algumas distorções de
interpretação, mas não importa. O importante é a escolha que fiz. Viver até o
fim chorando, lamentando e sofrendo profundamente, definitivamente, eu não quero isso pra mim.
Prefiro batalhar para viver da melhor forma possível. A doença
"prende" o meu corpo e eu escolhi libertar minha mente.
Danielle Lanzer